Especialistas descobrem este perigoso réptil mutante nos Estados Unidos

Ao fotografar alguns filhotes de répteis para uma pesquisa, os especialistas Dave Schneider e Dave Burkett depararam-se com algo perturbador. Apesar de ser uma pavorosa tarefa para muitas pessoas, isto é apenas uma parte comum do trabalho desses dois. No entanto, até mesmo os zoólogos ficaram nervosos quando olharam para aquele venenoso animal e notaram algo diferente. Pois é, houve uma mutação genética - uma que torna a criatura duas vezes mais mortal.

Venenosa cobra

Schneider e Burkett estão bastante familiarizados com perigosos répteis. Uma parte do trabalho que a Herpetological Associates faz envolve a avaliação da presença de cobras venenosas em canteiros de obras. Assim, os funcionários do grupo passam por um extensivo treinamento que permite a eles capturar com segurança serpentes potencialmente fatais. Aliás, a serpente-mocassim-cabeça-de-cobre e a cascavel-da-madeira são bem conhecidas pela organização, tanto que era com uma dessas que a dupla estava trabalhando naquele estranho dia.

Perigosas cascavéis

A cascavel-da-madeira pode ser encontrada em todo o leste da América do Norte. Inclusive, praticamente nenhum outro tipo de cascavel vive na natureza perto dos humanos nas regiões do nordeste dos Estados Unidos. Ou seja, esta assustadora criatura está correndo risco de extinção em Nova Jersey, Massachusetts e Vermont.

Assustadora por natureza

Bem, a cascavel-da-madeira tem uma terrível reputação. Os exemplos dessa espécie têm potencial para não só crescer até 1,5 de comprimento, como também possuir grandes presas. O mais aterrorizante de tudo é que esta cobra pode ser muito prejudicial aos seres humanos. Seu veneno é capaz provocar tanto hemorragia interna quanto morte das células musculares. Então, ao esbarrarem em uma criatura possivelmente duas vezes mais perigosa, os especialistas seguiram na maior cautela.

Mortal picada

Afinal, veneno de cobra não é brincadeira. Tomemos, por exemplo, o veneno das serpentes-mocassim-cabeça-de-cobre. Confinadas ao leste da América do Norte, estas cobras costumam ser encontradas em locais onde há árvores em abundância. Embora sejam menores que as cascavéis-de-madeira, seu veneno é igualmente perigoso. Tanto que uma picada de uma serpentes-mocassim-cabeça-de-cobre pode causar danos aos tecidos corporais, dor excruciante e náusea. Bem desagradável, certo?

Assustados, mas preparados

Porém, já que estavam familiarizados com espécies de cobras altamente venenosas, os membros da Herpetological Associates, de modo geral, não se assustavam no serviço. Contudo, em agosto de 2019, dois funcionários da organização foram surpreendidos ao se depararem com um estranho réptil mutante em Nova Jersey.

Cobras de Nova Jersey

Foi nessa época que Schneider, o gerente regional da Herpetological Associates do norte de Nova Jersey, e o cientista Dave Burkett estavam fazendo uma verificação em Pine Barrens. Muitas vezes referida como The Pines, esta faixa costeira possui uma densa floresta e cobre diversos condados no extremo sul do estado de Nova Jersey.

O que aconteceu

Em uma entrevista à revista de Long Beach Island, The Sandpaper, no mês de agosto de 2019, Burkett explicou como foi a inquietante descoberta dele e de Schneider. Ele revelou, por exemplo, que o lugar que a dupla estava era utilizado frequentemente por cobras fêmeas para dar à luz seus filhotes - tornando aquele espaço, portanto, de interesse para os herpetólogos.

Filhotes de cascavéis

"Estávamos pesquisando uma determinada área onde sabemos que as cascavéis dão à luz", disse Burkett ao The Sandpaper. "É um ambiente onde as cobras fêmeas ficam, pegam sol e deixam os embriões incubarem. Os filhotes nascem no final de agosto [e] geralmente ficam com a mãe".

Uma em um milhão

A verdade é que o trabalho de Burkett envolve a análise de animais e plantas ameaçados de extinção em uma determinada área. Dessa forma, os clientes da Herpetological Associates podem prosseguir com seus projetos, causando o menor impacto possível ao meio ambiente. Entretanto, ainda que aquele cientista tenha passado anos estudando cascavéis, nem ele nem Schneider jamais haviam visto uma serpente como aquela antes.

Mutante

Parece, todavia, que Burkett não percebeu a anomalia do réptil no início e executou seu trabalho como sempre, tirando fotos do animal com sua câmera. Foi quando a criatura se movimentou que Burkett percebeu que ela era, de fato, muito diferente de outras cobras da espécie. Logo, ele comentou com seu colega de trabalho acerca da incomum característica notada.

Disforme réptil

No entanto, mesmo que a criatura parecesse saudável, Schneider e Burkett ainda temiam pelo futuro dela. Devido a sua anomalia, a cobra teria mais dificuldades para se desenvolver na natureza. Assim, os funcionários da Herpetological Associates optaram por levar o potencialmente perigoso animal para o cativeiro.

Busca e resgate

Antes que Schneider e Burkett pudessem resgatar o mutante réptil, porém, eles precisavam de autorização para movê-lo. Felizmente, como Burkett disse ao The Sandpaper, ele possui uma licença especial. O herpetólogo acrescentou: "De acordo com as leis das espécies ameaçadas, é ilegal manusear ou assediar qualquer réptil ou anfíbio em perigo de extinção sem essa [autorização]".

Anormal criatura

O CEO da Herpetological Associates, Bob Zappalorti, defendeu mais tarde a decisão de Schneider e Burkett de remover a anormal cobra de lá. "Provavelmente, ela não seria capaz de sobreviver na natureza", expôs ele ao NJ.com em setembro de 2019. "Como estava se arrastando, ela poderia acabar ficando presa em algo e ser facilmente comida por predadores".

A coisa certa

A Herpetological Associates acreditava que tinha feito a coisa certa ao acolher a cobra. A organização científica também continuaria a estudá-la à medida que crescesse, apesar de não sabermos mais quantos anos ela ainda terá de vida.

Mutação

Schneider e Burkett, contudo, não foram os únicos a se deparar com um animal tão diferente. Em maio de 2019, uma cobra de três olhos que vivia no deserto australiano virou notícia por aí depois de ter sido encontrada em uma estrada. Entretanto, a criatura faleceu após algumas semanas - possivelmente por causa de sua mutação.

A descoberta

O réptil que Schneider e Burkett haviam descoberto, todavia, era um filhote de cascavel-da-madeira, o qual era capaz de partir para uma desagradável e venenosa picada. Embora fosse jovem, aquele espécime era potencialmente duas vezes mais perigoso do que os outros de sua espécie.

Mais detalhes

Mesmo sendo herpetólogos, Schneider e Burkett podem ter ficado surpresos com a cobra. A própria herpetologia é um ramo da zoologia dedicado ao estudo dos répteis e anfíbios. Ainda que tais criaturas pareçam não ter nada a ver com os humanos, os cientistas acreditam que temos muito o que aprender com elas.

Singulares informações

O estudo destes animais pode, por exemplo, nos fornecer uma visão bastante única a respeito da situação do nosso planeta. Como? Bem, estas criaturas conseguem sentir sutis transformações em seus ambientes e, como resultado, dar claros avisos de que uma mudança ecológica está em andamento. Além disso, seu veneno pode ser útil.

Ajudando as pessoas

Certos venenos liberados pelos anfíbios e répteis podem ter aplicações medicinais. Alguns tipos de veneno de cobra são usados, por exemplo, para prevenir coágulos sanguíneos em pacientes que sofreram ataque cardíaco ou AVC. Visto que há muito a ganhar com a investigação desses animais, talvez não seja nenhuma surpresa que a herpetologia tenha diversos defensores.

Ações

A propósito, a Herpetological Associates está entre as instituições que promovem a disciplina. A organização fundada em 1977 é especializada em espécies de animais e plantas ameaçadas e em perigo de extinção, bem como seus respectivos habitats. Membros da equipe da Herpetological Associates também trabalham para garantir o bem-estar da vida selvagem em florestas, parques e subúrbios.

Para ajudar

A Herpetological Associates associa-se a diferentes grupos, ajudando seus clientes a completar seus projetos sem afetar indevidamente o meio ambiente. Para isso, especialistas estabelecem contato com as autoridades estaduais e federais para adquirir autorizações e licenças ambientais. Eles também avaliam os habitats naturais e fazem um inventário da vida selvagem e das populações de plantas.

Litoral de Nova Jersey

Os escritórios da Herpetological Associates estão espalhados pelos Estados Unidos - na Flórida, Pensilvânia e Nova Jersey. A equipe de Nova Jersey, em especial, concentra seus esforços na lei regional litorânea Coastal Area Facility Review Act e auxilia os clientes em suas submissões às várias agências ambientais, como a New Jersey Pinelands Commission.

Bizarra mutação revelada

No entanto, por que aquela cobra era uma ameaça tão grande? A verdade é que ela possuía não só uma, como duas cabeças! Pois é, não é de admirar que aquilo tenha chocado Burkett. "Eu liguei para o Dave Schneider e disse: 'Minha nossa! Esta coisa tem duas cabeças'", comentou ele ao The Sandpaper.

Inacreditável

Aliás, Burkett e Schneider até duvidaram que aquilo era mesmo real. "Naquele momento, não podíamos ver a cobra", explicou Burkett. "Então, eu verifiquei as fotos na minha câmera e lá estava: duas cabeças".

A análise

Depois de uma detalhada pesquisa, Burkett e Schneider descobriram que as cabeças da cobra funcionavam de maneira independente. O espécime de cerca de 25 cm de comprimento também apresentou dois pares de olhos com boa visão e duas línguas bifurcadas. Até agora, porém, os cientistas não determinaram o gênero da serpente.

Duas cabeças

"Ambas as línguas se movem independentemente uma da outra, portanto, [a cobra] tem dois cérebros", disse Schneider à KYW-TV em setembro de 2019. "Quando ela se movimenta, você consegue ver que uma cabeça vai para um lado e a outra para o outro. [As cabeças] meio que lutam entre si, se enrijecem e alguma delas acaba cedendo. Ou seja, é muito interessante".

Cabeça dura

De todo jeito, a cobra tinha uma cabeça que parecia liderar mais do que a outra. Em setembro de 2019, Schneider esclareceu à ABC News: "Parece que a cabeça do lado direito é a mais dominante... Contudo, de vez em quando, a outra decide ir em uma direção diferente".

Significativo nome

Inclusive, a cobra recebeu um nome muito apropriado, de modo que honrou não só sua rara característica, como também os dois homens que a encontrou e a colocou sob os cuidados da Herpetological Associates. Dessa forma, em uma espécie de homenagem a Dave Burkett e Dave Schneider, o animal ficou conhecido como Double Dave.

O Double Dave

Acontece que o Double Dave não é a primeira cobra que nasceu com um par de cabeças. A condição que o animal possui é chamada de policefalia e parece ocorrer quando um embrião se divide em dois, entretanto, não se separa totalmente.

A questão

Em sua entrevista ao NJ.com, Zappalorti também explicou como a policefalia pode ter afetado o Double Dave. Ele disse: "Provavelmente era para ser [cobras] gêmeas, mas sofreu mutação e a fêmea deu à luz este anormal filhote". A respeito da raridade daquela anomalia em uma cobra, Zappalorti acrescentou: "É a única já encontrada em Nova Jersey".

Lendas e mitos

Em todo o mundo, criaturas de duas cabeças costumam aparecer em mitos e lendas para, geralmente, indicar um desastre iminente. Na vida real, por outro lado, animais com duas cabeças são relativamente incomuns, ocorrendo um caso em cada 100 mil nascimentos fora do cativeiro.

Frequente

Ainda assim, cobras de duas cabeças parecem ser encontradas com bastante frequência. Tanto que semanas antes do Double Dave virar notícia, outra serpente de duas cabeças foi fotografada em Bali. No ano de 2018, uma cobra bicéfala, denominada de Tom e Jerry, acabou indo para a Suíça para participar da Reptile Expo.

Nada de pensar juntas

Ao contrário da popular frase, todavia, duas cabeças não costumam pensar melhor do que uma quando se trata de cobras. Mesmo simples decisões - como qual caminho seguir, por exemplo - podem se transformar em um grande conflito. Além disso, não é novidade que animais bicéfalos acabam lutando por comida.

Responsabilizando-se

A verdade é que cobras de duas cabeças podem se tornar presas fáceis, logo, as chances do Double Dave sobreviver até a vida adulta na natureza acabam sendo extremamente baixas. É por isso, então, que a Herpetological Associates decidiu se responsabilizar por essa criatura. "Nós cuidaremos disso", Schneider mencionou em setembro de 2019 ao The Guardian.

Em cativeiro

No entanto, mesmo em cativeiro, as cobras de duas cabeças podem ser difíceis de cuidar e quem sabe melhor disso é Cooper Sallade. As fotos que esse criador de víboras tirou de uma cascavel-da-madeira bicefálica viralizou em 2018 e, devido à toda aquela atenção em cima da mutante criatura, Sallade sentiu-se obrigado a mantê-la viva.

Tentando

"Como a cobra recebeu uma inexplicável quantidade de atenção da mídia, houve muita pressão sobre mim para manter aquela coisa viva", disse Sallade à Wired em junho de 2019. A fim de prolongar a vida daquela criatura, Sallade chegou até a forçá-la a se alimentar. Porém, apesar de ter tentando bastante, não teve como salvar a serpente. Infelizmente, ela faleceu após alguns meses.

A morte

No final, Sallade sentiu que a morte foi a melhor coisa para o animal. "Se fosse uma cobra nascida na minha coleção, eu não teria contado a ninguém sobre isso", informou ele à Wired. "Para ser sincero, provavelmente eu mesmo teria feito a eutanásia, porque era bem difícil para a cobra estar viva".

Firme e forte

Enquanto isso, depois de várias semanas com o pessoal da Herpetological Associates, o Double Dave ainda estava firme e forte. A criatura parecia saudável e suas duas cabeças até que estavam se dando muito bem. Contudo, Schneider e seus colegas de trabalho estavam ansiosos para examinar a cobra e determinar se seu sistema digestivo estava funcionando bem.

Tudo fica bem quando termina bem

Se aquela parte do organismo do Double Dave estivesse em boas condições, isso asseguraria aos cuidadores da cobra que ela poderia receber alimento e, portanto, prosperar. Enfim, há tudo para o futuro daquela serpente ser brilhante, afinal, as cobras de duas cabeças conseguem sobreviver por mais de 15 anos quando criadas em cativeiro.